Capítulo 6 – Quando o amor floresce em silêncio
Bruno nunca foi de muitas palavras.
Não mandava flores, nem escrevia cartas.
Mas sempre esperava o jantar esfriar junto.
E, quando Estrela precisava de silêncio, ele sabia.
Por isso, quando ela voltou daquela viagem... diferente — mais quieta, mais distante, mais ausente — ele sentiu.
E, pela primeira vez, Bruno reagiu.
Começou a chegar mais cedo do trabalho. Preparava o café com mais cuidado. Tentava tocar sua mão quando ela estava distraída. Oferecia ajuda com pequenas coisas que antes nem percebia.
À noite, ao invés de ligar a televisão, sentava ao lado dela, em silêncio — como quem queria escutar até os pensamentos.
Estrela percebeu.
E, por muito tempo, isso só aumentou sua culpa.
Mas depois de alguns dias, algo começou a mudar.
Dentro dela.
Ela entendeu que não estava fugindo de Dante, nem correndo de Bruno — estava, na verdade, tentando se encontrar. Tentando amar algo que ela mesma ainda não conhecia: a mulher que havia se tornado.
🌿 Começou com uma caminhada leve no parque, sozinha, ouvindo músicas antigas.
Depois, uma ida à livraria. Comprou uma agenda bonita, onde começou a escrever tudo o que sentia. As dores, os medos, os sonhos esquecidos, as memórias boas com Bruno que, até então, pareciam apagadas.
Passou a se cuidar.
Cuidar do corpo, sim — mas principalmente da alma.
Voltou ao trabalho com mais foco, mais vontade. A cada conquista, uma anotação na agenda:
“Sou capaz.”
“Não preciso ser perfeita, só presente.”
“Bruno sempre esteve aqui. Talvez o amor seja isso.”
Bruno notou cada mudança.
Não perguntava, mas sorria diferente.
Sabia que algo estava florescendo.
📝 Certa noite, ele deixou um bilhete no travesseiro:
“Te ver sorrindo de novo é tudo o que eu precisava. Obrigado por ficar.”
Ela chorou em silêncio.
🎧 Dante ainda surgia nos pensamentos, de vez em quando. Era como uma melodia que volta no rádio sem aviso. Uma sintonia que não se esquece.
Mas Estrela sabia — sintonia não é raiz.
E ela precisava de raízes.
Olhou para Bruno. Ele dormia com a mão sobre o peito, como sempre fazia.
Ali, no silêncio do quarto, ela entendeu.
Fez sua escolha.
Não por obrigação. Nem por medo.
Mas porque amar também é decisão.
E ela havia decidido florescer onde a terra era firme,
mesmo que não fosse perfeita.
Seu amor se chamava Bruno.
E, dessa vez, ela estava pronta para amá-lo de verdade.