Capítulo 7 – Quando a Vida Decide Florescer

O enjoo veio antes do atraso.

Estrela, desconfiada, fez o teste sozinha, com as mãos trêmulas.

Duas linhas. Tão nítidas quanto o turbilhão que sentia.

Sentou-se no canto da cama. O coração acelerado. A respiração presa.

Quando Bruno entrou no quarto e viu o teste sobre a mesa, parou no mesmo instante.

— Estrela...? — Sua voz saiu baixa, mas cheia de cuidado.

Ela apenas assentiu, sem conseguir dizer uma palavra.

Mas naquele silêncio, tudo foi dito.

Bruno se aproximou devagar, ajoelhou-se diante dela e segurou sua mão.

— A gente vai dar conta. Juntos.

Não foi um momento cinematográfico.

Foi real. Simples. Bonito.

Como as coisas que nascem de terra firme.

Desde aquele dia, tudo mudou.

Bruno passou a chegar mais cedo.

Participava das consultas, montava o berço, pesquisava nomes.

Deixava bilhetes pela casa com desenhos bobos e mensagens doces:

“Você está brilhando e eu te amando cada dia mais”

Estrela, agora mais centrada, enxergava tudo.

E pela primeira vez, ela não se sentia só.

Escrevia na agenda todos os dias.

Frases curtas, mas que ajudavam a fixar a mulher em que estava se tornando:

Sou capaz.”

“Meu valor não está no olhar de ninguém.”

“Amor é escolha. E eu escolhi Bruno.”

Mesmo assim, vez ou outra, Dante surgia como uma lembrança suave.

Só para lembrar que ela era suficiente e não precisava disputar o amor de ninguém.

O nome do bebê?

Veio como presente da alma: Flor.

Porque ela nasceu do lugar mais improvável: a terra remexida pela dor… e transformada pelo recomeço.


☕ Do Outro Lado da Cidade...

Dante vivia seus dias com a rotina que tinha escolhido.

Julia era boa companhia, o filho era sua alegria — Léo crescia curioso, apaixonado por borboletas, livros e dias de sol.

— Mãe, olha essa aqui! A mais linda até agora! — disse Léo, empolgado com sua “casa de borboletas” feita de papelão.

— Você ama essas borboletas, hein, filho? — Julia riu, oferecendo um suco.

Elas são livres, mas sempre voltam quando encontram um lugar seguro.

A frase pairou no ar. Julia sorriu.

Dante, vindo do corredor, parou ao ouvir.

Antes que dissesse qualquer coisa, o celular vibrou: mensagem de Patrícia.

“Você viu isso? Estrela vai ser mãe!!!”

(link da matéria com uma foto dela sorrindo, grávida)

Dante clicou no link com o coração disparado.

A imagem apareceu: Estrela com a mão sobre a barriga.

Serena. Radiante.

O mundo pareceu parar por um instante.

Léo olhou curioso:

— Quem é?

— Uma amiga antiga — respondeu Dante, tentando esconder o impacto.

— Você parece triste...

— Não… só surpreso.

Enquanto Léo voltava para suas borboletas, Dante permaneceu ali.

O olhar fixo naquela foto.

Estrela havia seguido em frente.

E, pela primeira vez, ele entendeu que talvez ele também devesse começar a deixar o passado ir.