Entre Raízes e Asas

Dois caminhos, dois silêncios,

duas almas que se encontraram no tempo errado —

mas se marcaram feito páginas dobradas

em um livro que nunca foi fechado.

Ela, com olhos de chuva e passos firmes,

aprendeu a florescer sem plateia,

a amar quem fica, quem cuida,

quem constrói com calma e presença.

Ele, do outro lado da vida,

seguiu entre risos e rotinas,

mas às vezes, ao cair da tarde,

o pensamento ainda voltava.

Ambos escreviam.

Na mesma agenda preta,

de couro gasto e árvore na capa,

plantavam versos e saudades.

Ela escrevia para se lembrar de si.

Ele, para não esquecer.

Sem saber que cada linha

era quase uma conversa silenciosa.

Não era mais amor —

era memória que pulsa,

era dor que virou semente,

era escolha que virou raiz.

Porque às vezes,

quem não fica, floresce em outro lugar.

E quem decide ficar,

descobre o valor de permanecer.