Flor mundo da imaginação

Entre silêncios e sentimentos, escrevo o que muitos sentem, mas poucos sabem dizer. Romance, poesia e alma em cada linha. Bem-vindo(a) ao meu mundo

Dois caminhos, dois silêncios,

duas almas que se encontraram no tempo errado —

mas se marcaram feito páginas dobradas

em um livro que nunca foi fechado.

Ela, com olhos de chuva e passos firmes,

aprendeu a florescer sem plateia,

a amar quem fica, quem cuida,

quem constrói com calma e presença.

Ele, do outro lado da vida,

seguiu entre risos e rotinas,

mas às vezes, ao cair da tarde,

o pensamento ainda voltava.

Ambos escreviam.

Na mesma agenda preta,

de couro gasto e árvore na capa,

plantavam versos e saudades.

Ela escrevia para se lembrar de si.

Ele, para não esquecer.

Sem saber que cada linha

era quase uma conversa silenciosa.

Não era mais amor —

era memória que pulsa,

era dor que virou semente,

era escolha que virou raiz.

Porque às vezes,

quem não fica, floresce em outro lugar.

E quem decide ficar,

descobre o valor de permanecer.

Os anos passaram como folhas levadas pelo vento.

Entre novas rotinas, n, horários trocados e um silêncio que ecoava apenas nas entrelinhas de agendas pretas de couro com uma árvore gravada na capa, a vida seguia.

Duas crianças cresciam em extremos da mesma história.

🌼 Flor era luz que se espalhava pelas manhãs com seus cachos dourados, um sorriso curioso e uma energia incansável.

🦋 Léo, já mais velho, caminhava entre árvores e borboletas, fascinado pela leveza da vida e das asas.

Moravam em bairros diferentes. Nem próximos, nem distantes demais. Mas o destino, teimoso como é, sempre encontra brechas.

E naquela cidade pequena — onde o parque era mais que um passeio: era o ponto de encontro de almas —, as linhas começaram a se cruzar.

🌿 Um Encontro de Infância

Naquela tarde de sábado, o sol brilhava sem pressa.

Flor brincava próxima à fonte do parque, montando “caminhos mágicos” com pedrinhas coloridas.

Léo observava de longe, segurando um potinho onde, cuidadosamente, protegia uma borboleta que encontrara ferida.

— Você vai soltar ela? — perguntou Flor, se aproximando.

— Vou esperar ela melhorar — respondeu Léo, sem tirar os olhos da pequena asa laranja.

A conversa foi nascendo como nascem as boas amizades: sem esforço.

Em poucos minutos, estavam sentados juntos no chão de grama, dividindo histórias inventadas, ideias sobre o céu e até uma batata frita que o tio de Léo havia comprado.

Não sabiam ainda os nomes.

Nem a coincidência que os ligava.

Nem o passado entrelaçado que dormia nas agendas dos seus pais.

✨ De Volta para Casa

À noite, em casas distintas, em ruas diferentes, os dois chegaram radiantes:

— Mãe, conheci um amigo novo! — disse Flor, enquanto devorava a janta.

— Pai, brinquei com uma menina muito legal! — contou Léo, animado.

Nos dois lares, os pais sorriram.

Guardaram o momento como mais um entre tantos outros.

E depois...

Como em um sutil sussurro do destino, abriram suas agendas pretas de couro.

Escreveram.

Talvez o mesmo pensamento, em formas diferentes:

“Há encontros que a gente não vê chegando, mas que a alma reconhece de longe.”

“Será que aquilo que plantamos no silêncio pode florescer no tempo certo?”

🌌

Dois mundos que ainda não se olhavam diretamente, mas começavam, sem saber, a se reconhecer através das sementes.

As crianças voltariam ao parque.

E os caminhos, mesmo desencontrados, já estavam se alinhando no invisível.