
Os anos passaram como folhas levadas pelo vento.
Entre novas rotinas, n, horários trocados e um silêncio que ecoava apenas nas entrelinhas de agendas pretas de couro com uma árvore gravada na capa, a vida seguia.
Duas crianças cresciam em extremos da mesma história.
🌼 Flor era luz que se espalhava pelas manhãs com seus cachos dourados, um sorriso curioso e uma energia incansável.
🦋 Léo, já mais velho, caminhava entre árvores e borboletas, fascinado pela leveza da vida e das asas.
Moravam em bairros diferentes. Nem próximos, nem distantes demais. Mas o destino, teimoso como é, sempre encontra brechas.
E naquela cidade pequena — onde o parque era mais que um passeio: era o ponto de encontro de almas —, as linhas começaram a se cruzar.
🌿 Um Encontro de Infância
Naquela tarde de sábado, o sol brilhava sem pressa.
Flor brincava próxima à fonte do parque, montando “caminhos mágicos” com pedrinhas coloridas.
Léo observava de longe, segurando um potinho onde, cuidadosamente, protegia uma borboleta que encontrara ferida.
— Você vai soltar ela? — perguntou Flor, se aproximando.
— Vou esperar ela melhorar — respondeu Léo, sem tirar os olhos da pequena asa laranja.
A conversa foi nascendo como nascem as boas amizades: sem esforço.
Em poucos minutos, estavam sentados juntos no chão de grama, dividindo histórias inventadas, ideias sobre o céu e até uma batata frita que o tio de Léo havia comprado.
Não sabiam ainda os nomes.
Nem a coincidência que os ligava.
Nem o passado entrelaçado que dormia nas agendas dos seus pais.
✨ De Volta para Casa
À noite, em casas distintas, em ruas diferentes, os dois chegaram radiantes:
— Mãe, conheci um amigo novo! — disse Flor, enquanto devorava a janta.
— Pai, brinquei com uma menina muito legal! — contou Léo, animado.
Nos dois lares, os pais sorriram.
Guardaram o momento como mais um entre tantos outros.
E depois...
Como em um sutil sussurro do destino, abriram suas agendas pretas de couro.
Escreveram.
Talvez o mesmo pensamento, em formas diferentes:
“Há encontros que a gente não vê chegando, mas que a alma reconhece de longe.”
“Será que aquilo que plantamos no silêncio pode florescer no tempo certo?”
🌌
Dois mundos que ainda não se olhavam diretamente, mas começavam, sem saber, a se reconhecer através das sementes.
As crianças voltariam ao parque.
E os caminhos, mesmo desencontrados, já estavam se alinhando no invisível.